Numa perfeita sintonia com o que exige a vida moderna, na busca por alimentos mais saudáveis, o Governo do Estado, por meio da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), desenvolve e estimula o uso de técnicas da agroecologia. Essa prática, que não utiliza insumos químicos na produção de alimentos, cresce em Minas Gerais, impulsionada pelo apoio governamental. Além da atuação da Epamig e da Emater-MG, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) é o órgão responsável pela certificação dos produtos agroecológicos. Na Epamig, o trabalho em agroecologia tem o objetivo de expandir esse conceito, considerado ideal para o desenvolvimento rural sustentável, tanto nos aspectos ambiental quanto social. O programa estadual de pesquisa em agroecologia já possui oito linhas de estudos e 19 especialistas envolvidos. Ao todo, a empresa mineira possui 12 programas de pesquisa, sendo a agroecologia um dos que mais cresceu nos últimos anos, tamanho o interesse da sociedade e, especialmente, dos pesquisadores dessa ciência. “O princípio envolve todos os que estão nessa cadeia, sempre pensando no agricultor e no meio ambiente. Geramos conhecimento e tecnologias práticas”, ressalta a pesquisadora Madelaine Venzon, coordenadora dos estudos. Com formação acadêmica no Brasil e no exterior e baseada na unidade da Epamig em Viçosa (Território Caparaó), Madelaine diz que as pesquisas sobre a agroecologia são desenvolvidas a partir da demanda e da necessidade do agricultor, que interage com o pesquisador e o extensionista da Emater-MG. Diferentemente dos pesquisadores que passam grande parte do tempo nos laboratórios, os extensionistas têm o papel de acompanhar o dia a dia da produção agroecológica, que é um dos oito temas da agenda estratégica da Emater MG. Segundo o coordenador estadual deste trabalho na Emater-MG, José Luís Meirelles Ferreira, a ação vem sendo realizada, com os agricultores, na transição da agricultura convencional para a agroecológica, visando à segurança alimentar. “Os técnicos vão se adaptando ao conceito, alguns têm perfis mais avançados e outros vão seguindo o caminho”, explica. Ferreira ressalta que o trabalho possui caráter de transversalidade, que vai se espalhando e tem o objetivo de promover o aumento da qualidade de vida do cidadão, com produtos sem aditivos químicos. Ao contrário da pesquisa específica, o funcionário da Emater-MG trabalha com propriedades que desenvolvem todos os tipos de agricultura. Porém, a empresa conta com oito funcionários concluindo mestrado em Agroecologia e outros 70 pós-graduados lato sensu em Agroecologia pela Universidade Federal de Lavras (Ufla).
SEMELHANÇAS - A coordenadora de pesquisa da Epamig, Madelaine Venzon, explica que a agroecologia em Minas Gerais segue uma tendência nacional e mundial de crescimento. Ela cita o volume de trabalhos inscritos, que chegam a 2.500, para o VI Congresso Latino-americano de Agroecologia e o X Congresso Brasileiro de Agroecologia, que ocorrem em Brasília, de 12 a 15 de setembro. O número recorde demonstra a preocupação de se avançar em pesquisas para aplicar na produção, conservando a biodiversidade e os recursos naturais. As semelhanças entre o produto agroecológico e o orgânico são muitas, principalmente no que se refere ao modo de produção sem o uso de agrotóxicos. A legislação do orgânico é utilizada para nortear a produção do alimento agroecológico, que tem um viés mais social, buscando a harmonia constante com o produtor e o resgate da sua história e das suas práticas, enquanto o orgânico, muitas vezes, ganha um apelo mais comercial. Na agroecologia, a premissa é a diversidade de culturas, em oposição à monocultura, utilizando-se plantas que fornecem vários serviços ecológicos, como aquelas que aumentam a polinização, atraem inimigos naturais, melhoram as condições do solo e são comestíveis e/ou medicinais. Já o produto orgânico tem métodos de produção parecidos com os do agroecológico. José Luís Ferreira, da Emater-MG, diz que a legislação é bastante criteriosa para se chegar à certificação, que tem uma série de condicionantes, como qualidade, onde e por quem ele é produzido e em que condições. Segundo Ferreira, a agroecologia tem sido uma construção coletiva, inclusive ouvindo o consumidor, que é a peça-chave no processo desenvolvimento da atividade. Ele reforça que, ao adquirir o produto orgânico, o cidadão está validando e financiando essa prática. Os trabalhos da Emater-MG com agroecologia se desenvolvem em praticamente todo o Estado. Entretanto, existem alguns mais destacados em locais como a região de Pouso Alegre, no Território Sul, em parceria com o Instituto Federal do Sul de Minas; na região de Juiz de Fora (Bocaina de Minas, no Território Mata); na região de Sete Lagoas (Capim Branco); e na Região Metropolitana de Belo Horizonte (ambos no Território Metropolitano).
GARANTIA DE QUALIDADE - A agricultora Daniela Leonel diz ter realizado um sonho, há cinco anos, quando iniciou, ao lado do marido, o plantio de hortaliças dentro do conceito agroecológico. Com uma propriedade de 2 hectares em Caeté (Território Metropolitano), distante 35 km de Belo Horizonte, ela tem uma horta de 3 mil metros quadrados, área na qual consegue produzir 40 variedades de legumes e verduras. Desde que iniciou sua atividade na agricultura, Daniela vem recebendo apoio do Estado, por meio da Emater-MG, que faz a extensão a partir das pesquisas realizadas pela Epamig. Há três anos, sua propriedade conseguiu a certificação do IMA como produtora de orgânico. A certificação é uma das formas de garantir a qualidade orgânica de um produto. O Instituto Mineiro de Agropecuária é referendado pela Coordenação Geral de Acreditação (Cgcre) do Inmetro e credenciado no Ministério da Agricultura como OAC para avaliar quatro escopos: produção primá- ria vegetal, processamento de produtos de origem vegetal, produção primária animal e processamento de produtos de origem animal. Em Minas Gerais, a Epamig compreendeu a necessidade de investir e firmar parcerias com a Emater-MG, instituições de ensino e pesquisa, como as Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG), Viçosa (UFV) e Lavras (Ufla), institutos federais - principalmente os do Norte de Minas - e o Centro de Tecnologias Alternativas (CTA), ONG viçosense prestes a completar três décadas de tradição no tema.
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